Com um relato emocionante e que deixou com voz embargada participantes da audiência pública sobre uso de material genético em investigação forense, a ativista norte-america Debbie Smith, fundadora da organização Hope Exists after Rape Trauma (HEART), defendeu a importância do uso de exames de DNA para identificação de criminosos. Ela foi a segunda oradora a se apresentar na audiência pública iniciada nesta quinta-feira (25), no Supremo Tribunal Federal (STF).
Muito emocionada, ela relatou os momentos de terror que viveu quando um criminoso invadiu sua casa de madrugada e a raptou e estuprou. Lembrou dos seis anos e meio de apreensão e medo de vingança contra si e sua família que viveu até o criminoso ser identificado por meio de exames de DNA e preso.
Mostrou na audiência uma cestinha de inox de 11x11 cm, identificada com o número 6, onde a Justiça mantinha sob guarda objetos aparentemente sem muito valor material, mas que continham as evidências do crime por ela sofrido. Dentro da cesta objetos pessoais e sua calça jeans, cujo material genético nela encontrado ajudou na identificação e prisão do estuprador.
Pediu que os juízes saiam de sua posição de magistrados e pensem um pouco como pais, filhos, maridos e aos participantes, afirmou que milita nessa causa para que outras pessoas não passem pelo que ela passou. Segurando a cestinha de inox, enfatizou “como é horrível pegar as evidências de um crime e levar para julgamento, depois que se já apresentou o próprio corpo como evidência”.
Segundo ela, 8 de cada 10 criminosos são identificados com o uso do material genético na investigação. "A evidência de DNA é a voz dessas vítimas”, salientou. E concluiu afirmando que o exame de DNA para a elucidação de crimes é a melhor ferramenta disponível no momento a favor da Justiça.
Antes de passar a palavra para o próximo orador inscrito na audiência pública, o subprocurador-geral da Republica Odin Brandão e o ministro Gilmar Mendes disseram estar impressionados com o relato de Debbie Smith e elogiaram sua coragem. Segundo o ministro, o relato demonstrou “a importância dessa técnica de investigação para o combate a esse e outros tipos de crime”.